O trem já vinha vindo...
Calma, disse ela com os olhos lacrimejados... tens que ir mesmo?
(...pausa...) ...uma lágrima, percorreu, pela sua face ...
Ele com um brilho no olhar, em vê-la, numa cumplicidade única, secou a lágrima...
Com dor no peito, e a alma entristecida
Ele respirou forte... suas pernas imóveis
Não, tenho que ir! Não se não se trata do que tenho que fazer, mas do que quero fazer; estou renunciando a tudo que não construímos juntos.
Ela não acreditando
em suas palavras, pois, o que ela queria era que ele lhe dissesse algo que a
animasse , mas, ela sabia que, assim como ele, ela não estava feliz com a
situação dos dois.
Então é isso, e o que você quer fazer? (...pausa...)
O silêncio os calou, aquele minuto foi uma eternidade.
Feição foi de alívio
ao ouvir do alto-falante aquela que seria a última chamada para o trem a
partir.
Não havia mais o que dizer. Caminhar até o trem, embarcar e
sentar-se. Foi tudo o que pode fazer.
Ao ver ele ir embora,
vagarosamente em direção do trem sem olhar pra trás, seu coração acelerou, um
aperto em seu peito se alojou, o desespero, a esperança de um último olhar ou
quem sabe de repente ele voltar e a tomar nos braços e nunca mais largar. Mas
era tarde, o trem deu seu último sinal, para o fechamento das portas.
Ela teve vontade de correr e entrar naquele vagão, mas ela
ficou inerte, e sem reação nenhuma, ela viu o trem ir embora vagarosamente.
Sincronia dos
mecanismos. Movimentos uniformes e contínuos. Engrenagens cuidadosamente
moldadas. O arrastar do trem, sua carcaça pesadíssima, nada inibia a sutileza e
harmonia daqueles corpos. Por que a vida não é assim, perguntou a si mesma.
O relógio enorme na
estação, soava as 20:00 hs, uma criança chorava, um ventilador velho e
barulhento, marcava aquele infindável momento de despedida não dita.
Já no trem em
movimento, veio a ele o pensamento... "Trens... partem frios e
indiferentes mas acabam voltando ao mesmo lugar. Talvez eu faça o mesmo"
Mas aquele não era o
momento, ele queria sentir a brisa do vento, abriu a janela as poucos, mas no
meio do caminho ela emperrou, aquele vento não era o bastante, na sua percepção
talvez o vento lhe esfriasse a cabeça, tentou por alguns minutos, desemperrar a
janela até que conseguiu. Sem pensar colocou a cabeça pra fora da janela,
parecia uma criança, quando se depara com a liberdade de sentir o vento,
atravessar a face pela primeira vez..
Liberdade talvez!?
Já se passavam 30
minutos de sua partida, e ela ali continuava, veio até ela o guarda da estação.
Senhora, senhora...ela ouvia, mas não respondia, então ele a tocou em seus
delicados ombros,
ela virou para ver,
olharam-se por alguns segundos, impacto,
foi o que sucedeu ali, eles se conheciam, e ficaram desconcertados, pois, não
esperavam aquele reencontro.